Em Londrina, Gaeco denuncia sete pessoas, incluindo quatro policiais militares, por homicídio qualificado investigado a partir da Operação Mar Vermelho
Em Londrina, no Norte Central do estado, o núcleo local do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) ofereceu denúncia criminal por homicídio qualificado contra sete pessoas investigadas a partir da segunda fase da Operação Mar Vermelho. Entre os denunciados, estão quatro policiais militares (um oficial e três praças integrantes da mesma equipe da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas – Rotam).
A denúncia – por homicídio com três qualificadores (mediante promessa de recompensa, com uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e com emprego de arma de fogo de uso restrito) – refere-se a um crime ocorrido em 10 de setembro de 2021 (detalhes abaixo). O Ministério Público solicita também na denúncia a fixação de danos materiais e morais à família da vítima e a fixação de danos morais ao Estado do Paraná, em razão da utilização de viatura, equipamentos e armas da Polícia Militar para o cometimento do crime de homicídio.
As investigações contaram com a colaboração premiada de um dos envolvidos em outros fatos criminosos já denunciados, que narrou com detalhes as tratativas e combinações prévias à morte da vítima, inclusive a reunião dos integrantes da família com um dos policiais no dia do crime. O colaborador também revelou que integrantes da equipe policial determinaram que o proprietário de um estabelecimento vizinho ao local do homicídio desligasse as câmeras de segurança momentos antes do crime, o que foi confirmado ao longo das investigações.
O crime – Inicialmente registrado como confronto policial, as investigações conduzidas pelo Gaeco de Londrina apontaram que a ocorrência, na realidade, foi a execução de um homem mediante pagamento. De acordo com as apurações, três integrantes de uma família residente em Bela Vista do Paraíso – entre eles, uma ex-vereadora – teriam contraído uma dívida de aproximadamente R$ 180 mil com agiotas de Londrina. Após a dívida se acumular e em razão das cobranças, os integrantes da família contrataram os policiais militares para que executassem dois agiotas que os estavam pressionando pelo pagamento. O valor estipulado para a execução dos alvos foi de aproximadamente R$ 100 mil.
A partir disso, os familiares teriam atraído os dois agiotas até Ibiporã e combinado de encontrá-los em um estabelecimento comercial para entregar parte do pagamento da dívida (R$ 34 mil), tudo previamente combinado com os policiais militares da Rotam que estavam de serviço naquela cidade. Após a entrega do dinheiro, a poucos metros de distância, um dos agiotas foi abordado e executado pelos policiais militares. O segundo agiota saiu do local em outro carro e por isso acabou não sendo abordado pelos policiais.
Processo número 0003896-22.2021.8.16.0090
Fonte:MPPR