21/11/2024

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Projeto da UEL leva atendimento odontológico humanizado a pacientes acamados

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Desenvolvido por professores e estudantes do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), o programa completou um ano. A iniciativa também é parte de uma longa história de atenção com as pessoas com mobilidade reduzida.

Atendimento odontológico e a entrega de produtos de higiene, além de orientar sobre os cuidados com a saúde bucal dos pacientes acamados, são os objetivos do projeto de extensão “Atenção Domiciliar: Higiene Bucal de Pacientes Acamados Dependentes”. Desenvolvido por professores e estudantes do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), o programa completou um ano.

A iniciativa também é parte de uma longa história de atenção com as pessoas que possuem a mobilidade reduzida, ou completamente comprometida, e dependem de cuidados de higiene pessoal e alimentação, na cidade de Cambé, Região Metropolitana de Londrina, Norte do Estado.

Os atendimentos são feitos nas casas dos pacientes, sempre nas tardes de sexta, por equipes de até três alunos liderados por um dos quatro professores atuantes no projeto. O trabalho envolve a escovação e uso de fio dental, além de procedimentos como a limpeza e a raspagem da placa bacteriana, conhecida como tártaro ou cálculo dental, caso necessárias.

Alguns casos demandam mais atenção já que os pacientes acamados, muitas vezes, têm severo comprometimento da fala, deixando de indicar incômodos e dores. No entanto, superando as barreiras da comunicação, até procedimentos mais importantes, como extração dentária, já foram realizados pelas equipes. Para garantir as visitas, os participantes contam com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Sociedade (Proex), que coloca os servidores do transporte da UEL à disposição mediante agendamento prévio.

Idealizador da iniciativa na universidade, o docente do Departamento de Microbiologia da UEL, Ricardo Sérgio Couto de Almeida, reconhece que há comprometimento de familiares e cuidadores quanto à qualidade da escovação na maioria dos casos atendidos. No entanto, destaca que é comum se deparar com pequenas lesões na gengiva dos pacientes, que ganham um aspecto avermelhado, sendo causadas em boa parte dos casos pelo excesso de força usada na escovação.

“Neste sentido, os atendimentos domiciliares são marcados pelo diálogo sobre os hábitos de higiene mais adequados considerando as limitações físicas e sociais dos moradores acamados”, explica Almeida.

As equipes também entregam os kits de higiene bucal, que contêm escovas de dentes macias, fio e creme dental. Os materiais vêm de parcerias com empresas do ramo apoiadoras do projeto. Além desta iniciativa, o professor Ricardo Almeida é responsável pelo projeto “Um Novo Sorriso”, que contribui para a reintegração social através do cuidado com a saúde bucal de mulheres em situação de vulnerabilidade, e é autor da coluna “Escovação” na Rádio UEL FM.

Também integram o projeto de extensão “Atenção Domiciliar: Higiene Bucal de Pacientes Acamados Dependentes” os professores Tânia Harumi,  Ademar Takahama e Wilson Garbeline, todos do curso de Odontologia da UEL.

Uma das famílias atendidas é a da dona de casa Isabel da Cruz Vieira, moradora do Conjunto Habitacional Ulisses Guimarães, zona Norte de Cambé. Ao lado da filha Josiane, 43, que foi diagnosticada com esclerose múltipla ainda nos primeiros anos de vida, diz ser muito grata ao trabalho desenvolvido na universidade. Para receber a equipe, formada pelas estudantes Brenda Magalhães e Karinna Luz, costuma preparar um café e um bolo de chocolate, o que torna a consulta domiciliar um momento muito agradável para a troca de experiências.

“A satisfação em realizar o atendimento é muito grande, já que dificilmente teríamos essa oportunidade de atender essa população na Clínica Odontológica Universitária (COU) e até futuramente em um consultório”, diz a estudante Brenda. As duas estão no segundo ano de Odontologia.

Na mesma tarde, a equipe fez um novo atendimento, desta vez na residência da dona de casa Josefa Aparecida da Silva Lima, no Jardim Cidade Verde, em Cambé. Ela cuida do marido, José, acamado desde 2016, após sofrer um grave acidente de trânsito que causou uma séria lesão no cérebro. “Os médicos não acreditaram que ele permaneceu vivo. Eu disse que era Deus quem iria fazer a cirurgia dele com as mãos do médico”, lembra a esposa.

Dentre os casos já atendidos, esses dois são bastante representativos do papel dos familiares e cuidadores no atendimento às pessoas acamadas. Entretanto, também evidenciam que as universidades devem sempre buscar formas criativas para produzir conhecimento e humanidade.

Agência Estadual de notícias

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